Freud em seu livro o Mal –estar na Cultura (2010) diz que todo
saber, toda a capacidade são adquiridos pelo homem com fim de dominar as forças
da natureza e obter seus bens para a
satisfação das necessidades humanas. Podemos perceber que a toda a satisfação
segue imediatamente um renovado desejo e uma nova necessidade. O filósofo Moses
Medelssohn(1729-1786) fala que nossos desejos estendem-se sempre para além do
nosso prazer.
O prazer está no centro de nossas buscas e nossas
conquistas. Isto é normal e é necessário esta busca para que possamos
prosseguir seja como indivíduo, seja como coletividade. No entanto, quando esta
busca leva o ser humano a querer alcançar suas conquistas a qualquer preço
nasce a anormalidade, é quando o ser humano explora, fere, humilha ou mata a outro
(s) ser (es) para ter a realização dos seus desejos. Por isto, Hobbes diz que o homem é lobo do homem.
Talvez o que atraía o
ser humano para o mal seja o caráter irresistível dos impulsos perversos, talvez
a atração do proibido em geral.
Todas as coisas estão intrinsicamente conectadas,
luz-escuridão, bem-mal, bom-mau, um existe porque o outro é seu antônimo e também
oposição cósmica e por que não vê-los sob uma óptica eco-sistêmica onde tudo e
todos estão interligados por atitudes e/ou omissões de atitudes. No entanto, o
estudo sobre o mal, exige ir além da simplicidade desta verdade que é relativa
e não absoluta. Poderia o mal ou o mau ser
consequência da cultura ou de outras causas?
Diversos ramos da ciência têm se debruçado sobre este tema,
podemos analisa-lo desde o ponto de vista filosófico, sociológico,
antropológico, pedagógico, psicológico, neuropsicológico, psiquiátrico e muitos
outros. Iniciaremos nosso estudo pela veia psicanalítica freudiana, passaremos
pela visão de Edgar Morin que ao tratar do tema em sua obra “Para onde vai o
mundo?” diz que a violência “é um problema bio-antropo-sociológico complexo que
nesciamente tendemos a reduzi-lo ou
unidimensionalizá-lo” (MORIN 2010,p.57), o mesmo autor diz que a violência é
inseparável do homo sapiens/demens* e que está ligada ao desdobramento da
história humana, aos massacres, às guerras, ao fanatismo religioso. E continua
sua análise dizendo que o século XX “abriu
uma nova era de violência desvairada ao mesmo tempo que gerou a era da
megamorte*” (MORIN 2010,p.57).
Falar em violência é falar em direitos humanos, é falar em
cultivo de cultura de paz, é trazer à tona valores ecológicos, morais,
espirituais, é confrontar o mundo, é trazer o cultivo da ternura, como diz
Leonardo Boff sobre o ciclo da desumanização e da competição de todos com todos
(o que sem dúvida é a violência em sua forma mais profunda e mais sutil) “esse
ciclo deve se encerrar, caso contrário ele conduzirá a Terra e a humanidade a
um impasse sem retorno” (BOFF 2006,p.09). Falar sobre violência é trazer o
desejo de que o conhecimento de algumas de suas causas traga a inconformação, a
mudança e à mudança, na renovação de nossos pensamentos e atitudes, como diz o
Apóstolo Paulo “não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela
renovação da vossa mente” (Romanos 12:2).
Para compreender a violência vamos também buscar na
neurociência as causas fisiológicas e as anomalias que podem trazer
transformações no comportamento do indivíduo, e vamos tentar compreendê-la sob
a visão de diversos ramos de estudo da mente e do comportamento humano
individual e social.
Segundo Freud, (2010,p.31).
A morte está no centro da teoria do sublime, assim como o impulso de morte está
no centro da psicanálise desde Além do princípio do prazer. A felicidade deriva
do fato de termos escapado à infelicidade, ou, ainda, escreve sobre nosso gozo
na destruição dos outros e sobretudo desenvolve um conceito de impulso de
agressão (um derivado e principal representante do impulso de morte ou de destruição). Freud
apresenta a passagem da nossa cultura como marcada pela violência, por impulso
incontrolável de agressão.
O comportamento reproduzido, modelado, de acordo com as impressões
que os seres humanos empregam, ou sejam critérios equivocados do que ambicionam
como o poder, sucesso, riqueza, em busca do ter para si mesmo, passa admirar os
outros, enquanto desprezam e menosprezam os verdadeiros valores da vida. As discrepâncias
entre o pensar e o agir dos seres humanos e à multiplicidade de seus desejos, poderá observar-se a hipótese da
subjetividade da perda e a violência como parte do ser como todo.
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Homo sapiens= é o que é sábio homo sapiens http://pt.wikipedia.org/wiki/Homo_sapiens
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Homo demens = é o homem (ser humano)que além de
sábio homo sapiens é também afetivo homo demens.
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Megamorte= segundo Morin é a nova morte, a morte
massiva de milhões (MORIN 2010,p.56).
Referencias:
BOFF, Leonardo. A força da ternura. Sextante. Rio de Janeiro:2006.
FREUD, Sigmund. O mal-estar na cultura. L & PM. Porto
Alegre:2010.
MORIN, Edgard. Para onde vai o mundo? Vozes. Petrópolis:2010.