sexta-feira, 13 de julho de 2012

A Subjetividade da Perda- A perda da afetividade e o uso de substâncias psicotrópicas


Continuando nossa temática sobre “A Subjetividade da Perda”, dentro do subtema “Perda da Afetividade” abordaremos hoje sobre as drogas e apresentamos um estudo de caso.
Ninguém mais desconhece os malefícios que podem surgir na vida de quem
usa drogas, tanto as legais quanto as ilegais. Entretanto, fatores de risco são
condições que, quando presentes no indivíduo, na família, na escola, entre pares ou
na comunidade, aumentam a probabilidade do uso indevido de drogas, ocorrendo
isoladamente ou em conjunto. No entanto, é preciso esclarecer que a existência de
fatores de risco não implica, necessariamente, no consumo, mas uma situação de
risco pode contribuir para que o indivíduo sinta vontade de experimentar drogas, o que não quer dizer que ele será um usuário abusador ou dependente.
Além de enfermidades e mortes, o consumo de drogas associa-se a uma série de problemas psicológicos e sociais, estando os jovens situados no grupo de maior risco para o uso experimental e possível abuso de substâncias, especialmente o álcool, o tabaco e a maconha. Entre as possíveis consequências negativas, podemos mencionar desintegração familiar, depressão, violência e acidentes de
trânsito.
Acompanhe-me em um estudo de caso: Marcos Alexandre (nome fictício), M.A. não conheceu seus pais biológicos, foi criado por sua mãe adotiva que o encontrou no lixo, relatou que na infância era maltratado pela mãe adotiva que lhe dizia “só pode me chamar de mãe o filho que nasceu da minha barriga”. Temos aqui a demonstração de uma perda afetiva, a mãe cuja função seria de dar a segurança para esta criança, não exerceu seu papel, causando o sentimento de rejeição, baixa autoestima e baixa autoimagem.
Quando diagnosticado, procuramos trabalhar neste indivíduo a sua autoimagem como ser e sua autoestima, canalizando novos valores, acreditando na possível mudança desde que o mesmo tenha consciência desta busca e de sua vontade de mudar, pois quando ele cria a vontade de sair desse lugar, ele cria uma nova perspectiva e evolução, analisando e observando isto sob a abordagem humanista.
Em sua infância M.A. não teve a oportunidade de brincar, ficava trancado dentro do quarto, era maltratado pelos parentes da mãe adotiva, havia entre eles um que lhe batia com cabo de arma de fogo e muitas vezes quando estava dormindo pisava no seu pescoço e colocava a ponta de faca em seu rosto, o que lhe causava grande revolta e rancor.
Na pré-adolescencia, aos 12 anos de idade, começou a usar maconha, aos 13 começou a usar o crack, experimentou cola de sapateiro e cocaína, esta fase  marcou sua vivência no mundo do crime.
Atualmente aos 21 anos, uma pessoa que ele considera sua irmã o levou ao centro de reabilitação. Fui designado para entrevista-lo.
Na minha entrevista perguntei:
1-    O que é mais importante para você?
R= Minha recuperação e passar por toda essa turbulência.
2-    -O que você mais ama?
R=.A minha vida.
3-Se fosse possível voltar o tempo o que você faria?
R= Voltava a estudar e não usar drogas nenhuma, dar mais valor a vida, ser sincero, abandonar a vida que era antes e não me meter em coisas erradas.
4-Qual é o seu sonho?
R= viver com a minha família do meu sangue,  esquecer o passado, não meter com as drogas e ganhar dinheiro. Deus já me deu uma visão neste período de internamento: ser Cristão, que é uma vida que tem sossego, não viver de engano e sofrimento, é isso que falta em minha  vida: uma pessoa que me amasse e me desse valor.
M.A. observou ainda que não sente mais vontade de usar drogas e que era tão viciado que o cheiro da madeira era a mesma coisa do crack . E que gostaria de encontrar a mãe biológica.

A partir da observação deste caso podemos chegar a conclusão de que a falta da afetividade pode estimular fuga da realidade por meio do uso de drogas (substâncias psicotrópicas), em contrapartida as drogas proporcionam a perda da afetividade, pois seu uso  conduz a vários danos psíquicos, sociais e neurológicos que levam a transtornos e quadro clínico psicótico e orgânico ( chama-se orgânico quando a enfermidade é perceptível no organismo humano).


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