segunda-feira, 16 de julho de 2012

A Subjetividade da Perda- A perda da afetividade e o uso de substâncias psicotrópicas II


Continuando nossa abordagem anterior falaremos um pouco sobre drogas, drogadicção e adicção.
A dependência química é uma das doenças psiquiátricas mais freqüentes da
atualidade. Trata-se de uma síndrome caracterizada pela perda do controle do uso
de determinada substância psicoativa. Os agentes psicoativos atuam sobre o
sistema nervoso central, provocando sintomas psíquicos e estimulando o consumo
repetido dessa substância (REGACCI, 2003).
Nesse contexto, é interessante descrever o que é a drogadicção e a adicção.
A drogadicção vem sendo considerada uma doença recidivante e crônica,
caracterizada pela busca e consumo compulsivo de drogas. A chamada adicção a
drogas é considerada como uma dependência de substâncias químicas, de acordo
com a definição da Associação Americana de Psiquiatria, entretanto, é importante
distinguir entre o uso moderado de substâncias, o abuso de substâncias e a
dependência de substâncias (adicção). Nos seres humanos, felizmente, a grande
maioria dos simples usuários de drogas não se torna usuário abusivo ou dependente
químico. (REGACCI, 2003)
As alterações cerebrais e os prejuízos no funcionamento do organismo são
específicos para cada droga.
 Os efeitos neurológicos do uso contínuo da maconha
são a dificuldade de aprendizado, retardamento de raciocínio e lapsos de memória.
Mais graves são as conseqüências da cocaína. 
Seu uso está associado a complicações cardiovasculares e neurológicas graves (REGACCI, 2003).
Praticamente todas as drogas que podem gerar abuso exercem, direta ou
indiretamente, efeitos cerebrais profundos. Estudos desenvolvidos por Marques e
Cruz (2000) indicam que as pesquisas neurofisiológicas sugerem que as drogas
psicotrópicas usadas de forma abusiva estimulam a ação dopaminérgica em vias
mesolímbicas de recompensa, localizadas na área tegmentar ventral e no núcleo
accumbens, o que teria papel determinante no estabelecimento de dependência.
Além de agir sobre vias dopaminérgicas, cada substância age também em outros
neurotransmissores, o que faz com que os vários tipos de drogas tenham efeitos
diferentes. Assim, o álcool e outros depressores do sistema nervoso central, como
os benzodiazepínicos, agem estimulando a neurotransmissão gabaérgica,
provocando um efeito inicialmente desinibidor e posteriormente depressor.
Dentro desse sistema dopaminérgico mesocorticolímbico estão sistemas de
alguns neurotransmissores, como por exemplo, o ácido gama-aminobutírico (GABA), o glutamato, a dopamina, a serotonina e os peptídeos opióides, juntamente com suas conexões com o núcleo acumbens e amígdala. (MARQUES e CRUZ 2000).
A ativação desse sistema mesolímbico de recompensa parece ser elemento
comum a todas as drogas que fazem com que o usuário continue a consumi-las.
Essa atividade não é exclusiva de uma única droga. Todas as substâncias que
provocam adicção afetam esse circuito. . (MARQUES e CRUZ 2000) Na opinião de Regacci (2003) existem muitos fatores envolvidos no desenvolvimento de dependência, como por exemplo, a disponibilidade da droga, a via de administração, o componente genético da pessoa, histórico pessoal de outras dependências, e estresse e eventos traumáticos de vida, enfim, complementa a autora, pode-se dizer que para a transição do simples uso de droga à drogadicção muitos fatores atuam combinadamente. O desafio atual da ciência é descobrir quais são os elementos neurobiológicos e quais são as diferenças individuais capazes de vulnerabilizar pessoas para a dependência química.
Para o desenvolvimento da dependência é necessário que se recorra aos
efeitos prazerosos da droga. Esse efeito prazeroso chama-se Reforço Positivo. O
foco do mecanismo neurológico dos efeitos de Reforço Positivo capaz de gerar
consumo abusivo de drogas tem sido o sistema mesocorticolímbico dopaminérgico e suas conexões com o cérebro basal anterior (MARQUES e CRUZ 2000).



 Ilustração: Jurema Sampaio
Artista Plástica/Designer/WebDesigner
 Quer saber mais?

ácido gama-aminobutírico
amígdala 
dopamina
glutamato
mesocorticolímbico
mesolímbicas
núcleo acumbens
neurotransmissão gabaérgica
peptídeos opióide
Reforço Positivo
serotonina 

Um comentário:

  1. Como está claramente exposto na revista Cérebro e Mente (http://www.cerebromente.org.br/n08/doencas/drugs/abuse04.htm) desde que foi publicada em 1999:

    Ilustração: Jurema Sampaio
    Artista Plástica/Designer/WebDesigner

    esta ilustração é de minha autoria, favor dar os devidos créditos.
    Obrigada.
    Jurema Sampaio

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